Parada gay traz cor para o Centro e mostra avanço na luta contra preconceito
7:20 29/07/2018
[Via Campo Grande News]
São 17 anos de luta para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros) alcançar seu espaço em meio ao conservadorismo de Campo Grande, a capital com ares interioranos. Da primeira Parada da Cidadania LGBT, em 2002, para a sua 17ª edição no ano de 2018, muita coisa mudou e, como comemoram eles, mudaram para a melhor!
”A primeira edição foi literalmente uma parada. Os comerciantes fecharam suas portas pra nós e ficamos em um grupo de 300 pessoas na praça Ary Coelho fazendo cartazes pedindo por respeito e reconhecimento. Hoje a situação é outra, os comerciantes nos apoiam e ambulantes vendem produtos para nós aqui no meio do pessoal”, comemora a coordenadora municipal de Políticas Públicas LGBT, Cris Stephany.
Mas não é porque os tempos são outros, mais brandos, que o momento visa só a curtição da comunidade, pelo contrário, afinal o Brasil ainda é o país em que mais se matam homossexuais em todo o mundo. ”Se formos comparar o Brasil com qual país da Europa, aqui há 150 mais chances de um gay, uma lésbica, um trans ou uma travesti ser assassinado”, completa Cris.
Para mostrar apoio a causa, pela primeira vez um grupo formado só de homens trans esteve a postos na Parada. Eles formam o primeiro núcleo dentro da ATMS (Associação das Travestis de Mato Grosso do Sul). Para o coordenador geral, Nivaldo Finelon, o primeiro pontapé foi dado. ”Estamos aqui pela representatividade, para mostrar que estamos a postos e as pessoas podem nos procurar”, diz ele.
A alegria era contagiante no momento da concentração e da passeata com os trios elétricos. Pessoas de todas as idades e orientações sexuais dividiam o mesmo espaço com um sorriso no rosto e, acima de tudo, com educação e respeito uns com os outros.
Ana Luisa Portilho é avó e heterossexual. Na tarde de sábado conhecia pela primeira vez junto com seu netinho Jorge, a Parada da Cidadania. ”A animação do pessoal me trouxe até aqui. Lido sem problema algum pois eles são os melhores amigos que se pode ter, a comunidade LGBT. Garanto que todo mundo pode vir, sem problema algum”. Os dois saíram do Aero Rancho, chegaram 12h e foram embora 16h30.
Um ônibus trouxe cerca de 40 pessoas da Bolívia e de Corumbá para curtir a festa em Campo Grande. Para o grupo vale a pena vir até aqui e pegar a estrada porque o evento é muito animado e bem maior que em suas cidades. Racheli é boliviana e diz que no país não há incentivo a comunidade LGBT. ”Pra não dizer que não tem nada é muito pouco. O pessoal ainda tem muito preconceito por lá”, diz a cabeleireira que estava montada para o evento na Capital.
Scharlet Almeida também estava vestida com o look feito especialmente para a Parada, criado pelo amigo Adão Barbosa. Ela vai à Parada desde sua primeira edição e vê o momento atual como ”uma evolução, com certeza”. ”Essa festa pra mim representa a celebração das conquistas. A gente vem aqui mostrar o brilho e o glamour, a parte dos nossos direitos e de ir atrás deles fica lá na Assembleia, aqui eu quero me divertir”.
A amiga que a acompanhava, Patativa Flower, também com look exclusivo feito por Thiago Mota, pela primeira vez não foi a apresentadora da Parada. ”Vim sentir a energia das pessoas na rua”, explica. Para ela, ver o Centro lotado de gente só prova que ”somos muitos e estamos em todos os lugares”.
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