Geral

Pet sitter defende que o adestramento positivo pode trazer mais qualidade de vida aos animais

Circuito MS

14:08 13/10/2020

Cuidar de cães e orientar tutores é uma tarefa desabitual aos ouvidos de quem acha que é só dar casa, comida e carinho para seu bichinho de estimação. Algumas das “normas” de convivência do mundo animal e do próprio controle dos bichos podem ser solucionadas se houver um acompanhamento profissional.

A consultora comportamental canina Rafaela Berri, 27 anos, autodenomina-se pet sitter, uma profissão em ascensão que tem como objetivo cuidar de animais e, no caso dela, até adestrá-los. “Considero minha profissão como um cuidado com quem não tem voz, um olhar pra quem não consegue falar. Estudo para poder traduzir o que o cão está querendo falar ao seu tutor”, explica.

Assim como as crianças, os bichos de estimação refletem o que vivenciam. Há estudos que comprovam que o comportamento de um animal condiz com a realidade de quem zela por ele. Se há agressividade no relacionamento, há agressividade por parte do bicho.

Aliada à adestração positiva, Rafaela, que é do time “zero bronca” e “zero agressividade”, diz que muitas vezes o mau comportamento do bichinho de quatro patas está aliado à rotina da família.

“Primeiramente, priorizo uma educação positiva com aquele animal, dependo muito do tutor e de como é a rotina daquele lar. Se o tutor não conseguir ter esse olhar para o cãozinho, por exemplo, ficará muito difícil eu conseguir modificar o comportamento daquele animal”, explica a pet sitter.

Tutora das poodles Nina Hagen e Janis Joplin, a professora Fátima Carvalho explica que o adestramento mudou o humor das cachorras. “Eu não tenho quase tempo de passear com elas, e logo depois que a Rafa, que tem uma sensibilidade única, passou a monitorar os passeios, até a ansiedade das cachorras mudou”, comenta.

Qualidade de vida

Priorizar a qualidade de vida do animal, além do bom comportamento, também se encaixa na triagem da pet sitter com os clientes humanos. “Eu sempre elenco pontos positivos e negativos do atendimento para o tutor, pois trabalho em parceria com ele, mas costumo dizer que o cliente mesmo é o cãozinho”, brinca.

O adestramento de cães e gatos é um mercado ainda em crescimento no Brasil. Muitas pessoas procuram este profissional para suprir uma ausência quando vão viajar ou se ausentar por um período mais longo.

Segundo a pet sitter, é preciso estudo, cursos profissionalizantes e boas horas dedicadas ao atendimento com os bichos para poder começar a trabalhar seriamente.

“Saber a quem confiar seu filho ou bicho é fundamental para o procedimento do nosso trabalho. A confiança parte de quem tem um bom currículo e experiência”, pondera Rafaela.

Durante os passeios orientados, a pet sitter diz que os treinos são feitos com a própria ração do cliente. Ela faz um alerta de que comida no pote não é um lema do adestramento positivo, e até mesmo o petisco premiado vira objeto de estudo.

“O faro é um dos primeiros recursos que trabalho com o animal, primeiramente porque é uma ação instintiva do próprio bicho e que ele precisa resgatar, às vezes isso passa despercebido pelos tutores. Você tem de direcionar o cão para saber usar todas as ferramentas naturais dele”, argumenta.

Ainda de acordo com a consultora, para um passeio tranquilo com o cãozinho, uma dica é transportar os petiscos em uma petisqueira em forma de pochete.

Outro ponto é que as coleiras e enforcadores nunca devem ser usadas. Já a guia tem de ter mais de 1,5 metro de comprimento. “Ninguém gosta de ser puxado pelo pescoço, o bicho também não. Esse cuidado não é somente zelo, mas, sim, respeito com o serzinho que está sempre à disposição da gente em muitos momentos das nossas vidas”, acredita.

Pandemia

A jornalista Bianca Bianchi é pet sitter desde 2017. “Eu comecei a trabalhar como pet sitter em dezembro de 2017, estava desanimada profissionalmente e queria ganhar uma grana a mais, fazer uma coisa diferente. Uma amiga cat sitter, que cuida só de gatos, me deu a ideia de trabalhar como dog sitter, porque muita gente que a procurava perguntava se ela cuidava de cachorro também, então existe uma demanda reprimida aí”, relembra Bianca.

Mesmo insegura, ela decidiu correr atrás, fazer um curso especializante e atender os clientes. “Eu fiquei com a agenda lotada no fim de 2017, trabalhei no Natal e no Ano-Novo, e até hoje nunca parei”, frisa.

Bianca cuida tanto de gatos quanto de cachorros, e os animais podem ficar na sua casa, na modalidade hospedagem, ou na casa do cliente, onde ela os visita por uma hora em média. “O que mais atrai os clientes é que os cachorros não ficam presos em gaiolas. Eles ficam em uma rotina, como se fosse na casa deles mesmo”, frisa. A pet sitter passeia, ministra medicações, caso necessário, e brinca com os animais durante a ausência.

Durante a pandemia, Bianca viu diminuir o número de clientes. “Em março, eu tinha quatro clientes agendados para abril e maio. Quando começou a pandemia, todos eles desmarcaram. Eu entendi perfeitamente. Em junho, as coisas voltaram a aquecer. Agosto e setembro bombaram. O feriado de setembro foi muito bom, e quem reservou em setembro, reservou para outubro. E já tenho reserva para Natal e Ano-Novo”.

Via Correio do Estado

Comente esta notícia