Polícia investiga suposto caso de racismo e apologia ao nazismo no IFMS de Campo Grande
16:01 15/03/2022
“Local propício para massacre”: aluno maior de idade teria se proclamado nazista e ameaçado estudantes negros
A Polícia Civil de Campo Grande investiga um suposto caso de apologia ao nazismo no IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul). Um jovem é suspeito de ameaçar matar e torturar colegas de classe por serem negros.
Segundo o boletim de ocorrência, mães dos estudantes que foram vítimas do suposto nazista informaram que o suspeito chegou a dizer que o “IFMS é um lugar propício para um massacre”. O suspeito também teria dito que já tem uma lista com os nomes dos alunos que ele mataria.
Ainda de acordo com o registro policial, o estudante se autointitula nazista. Em fevereiro, o suspeito teria falado que mataria um dos colegas e que outro seria torturado. Em outra ocasião, o suposto autor chegou a dizer a um estudante: “Tu não é ariano, te coloco pra assar”.
Em depoimento, a mãe de um aluno vítima de racismo comentou que o assunto tem gerado muito sofrimento na família.
“Não queremos nos expor pelo fato do meu filho ainda ser menor de idade. A gente ainda está sofrendo e traumatizado”, lamentou.
O Instituto informou que a suposta situação envolvendo estudantes ocorreu fora da instituição, em um comércio nas proximidades do Campus Campo Grande.
O IFMS também explicou que a direção-geral do campus iniciou um processo de apuração de informações sobre o fato e afastou das atividades, de forma cautelar, o estudante que supostamente teria ameaçado outros alunos que o teriam chamado de “nazista”.
Até o momento, segundo o IFMS, a apuração preliminar do campus não constatou a veracidade das ameaças.
Os estudantes da turma têm recebido orientações pedagógicas com informações a respeito dos prejuízos causados à humanidade pelo nazismo. O IFMS ainda adianta que repudia qualquer tipo de discriminação ou apologia a ideologias que não condizem com uma sociedade igualitária.
É crime
No Brasil, fazer qualquer tipo de apologia ao nazismo como usar símbolos nazistas, distribuir emblemas ou até mesmo se posicionar a favor do nazismo é crime previsto em lei com pena até de reclusão.
Conforme a Lei 7.716/1989: “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa — ou reclusão de dois a cinco anos e multa se o crime foi cometido em publicações ou meios de comunicação social”.
A própria Constituição brasileira classifica racismo como crime inafiançável e imprescritível, ou seja, pode ser julgado a qualquer momento, sem levar em consideração o tempo transcorrido do fato.
Casos recentes
Ganhou repercussão nacional a fala do youtuber Bruno Aib, conhecido como Monark, no “Flow Podcast”, quando defendeu a legalidade de um partido nazista brasileiro em um programa que debatia liberdade de expressão. “A esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço. Eu sou mais louco que todos vocês. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei”, disse.
Após a repercussão da fala, o programa perdeu diversos patrocínios e Monark até deixou o comando do programa, o qual era fundador.
Outro caso ocorrido no mês passado foi o de um torcedor do Brasil de Pelotas que foi expulso pelos próprios companheiros de time ao exibir uma tatuagem nazista durante uma partida no Rio Grande do Sul.
Em seu corpo, havia imagens que remetem ao nazismo: uma Cruz de Ferro e os dizeres “Mein Kampf”, título em alemão do livro “Minha Luta”, de Adolf Hitler.
Via Midiamax
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