Por conta própria, autor de estátua vandalizada quer restaurar a obra
13:20 03/10/2018
[Via Campo Grande News]
“É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez”, é o início do poema “O livro sobre nada”, do poeta mais famoso de Mato Grosso do Sul, Manoel de Barros. Eternizado em duas estátuas, uma das obras repousa na Praça Pantaneira, mas agora exibe a falta de sensatez: alvo de vandalismo, a estátua tem fios e respingos de uma espécie de tinta preta. O amor pelo próprio trabalho motiva Levi Batista, o autor, que pretende revitalizar a estátua por iniciativa própria.
Artista plástico e artesão, Levi explica que pretende ir até o local no sábado. Para o autor, a obra tem significado especial. “Ela tem, porque na verdade quando ela foi criada era só algumas coisas que seriam feitas ali, cinco bichos do pantanal, aí fui fazendo e hoje eu tenho um carinho especial. Ela significa muito porque ela foi a primeira escultura de pessoas que eu fiz”, comenta.
O artista visitou a obra na terça-feira (2) e ali, encontrou decepção. “Eu tive oportunidade de passar ontem para tirar umas fotos, e sábado vou lá pra tentar tirar a tinta, para restaurar. Eu me senti muito triste, muito decepcionado com as pessoas, porque eu imagino que a pessoa que faz um negócio daquele ali, a pessoa está em fúria, porque a estátua não atinge ninguém”, afirma.
“Sempre tem inúmeras pessoas tirando foto, mas quem vai tirar uma foto numa escultura toda manchada? Achei muito horrível. Vou até sugerir que a Prefeitura coloque uma câmera de 360 graus, para pegar o vândalo e fazer ele pagar”, opina.
Local de convívio – A atmosfera da praça, na manhã desta quarta-feira (3), explica porque o local atrai a população. Amigos, família e, às vezes, até os solitários, aproveitam a sombra e os bancos para descansar ou fazer uma parada a caminho de algum lugar.
O casal Roberto Pereira Prates, 53 e Julia Leonor Souza Lopes Prates, 57, tomava um café ao lado da escultura manchada, durante a manhã. Os dois encontram no local um espaço de descanso. Todas as quartas-feiras, contam, esperam pelo neto, que tem deficiência visual e frequenta o instituto para cegos.
“Isso aqui eu amo”, comenta Julia, sobre a praça. “Que pena que muita gente não sabe valorizar. É um descaso”, afirma.
“É falta de cultura do povo. Se a pessoa tem um pouco de conhecimento e educação não ia fazer isso”, declara Roberto.
A reportagem perguntou à Prefeitura sobre a restauração da obra, mas ainda não obteve resposta.
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