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Preço da gasolina atinge quem depende de transporte por app

Circuito MS

9:23 12/03/2022

Usuários reclamam de escassez de motoristas, cancelamentos recorrentes e corridas custando o triplo do valor normal para horários fora do pico

A alta da gasolina, sentida pelos consumidores na sexta-feira, dificultou a vida de quem usa o carro como principal fonte de renda. Como consequência do aumento do combustível nas refinarias, motoristas de aplicativos de Campo Grande já consideram deixar de trabalhar com as corridas, que anos atrás eram uma ótima opção para driblar o desemprego ou complementar a renda.

Este é o caso de Daniel, que trabalha na plataforma Uber há mais de dois anos e encara o momento atual dos preços nas bombas de combustíveis como abusivos.

“Essa alta da gasolina será ruim para todo mundo, mas, para quem trabalha como motorista, fazer corrida ficará inviável. É uma questão de matemática básica, com o aumento no preço por litro, três ‘tanqueadas’ no carro por mês terão um acréscimo de mais de R$ 300”, salientou.

Na Capital, a média de preço do litro de gasolina saltou de R$6,29 para mais de R$ 7 em apenas algumas horas.

“Na quinta-feira [10], já tinha posto de combustível aqui na cidade cobrando mais de R$6,99 por litro de uma gasolina que foi comprada sem reajuste da refinaria. Foi uma medida muito abusiva”, desabafou o motorista.

Para os passageiros de empresas como Uber e 99, a dificuldade de conseguir corridas em meios aos cancelamentos virou rotina.

“Andar de Uber é péssimo, os motoristas cancelam por volta de três a quatro vezes por pedido de corrida. Eu acredito que, agora, com o aumento do preço da gasolina, o cenário será ainda pior. É uma humilhação diária”, desabafou a cirurgiã-dentista Caroline Calves, 30 anos.

Um motorista de aplicativo, que preferiu não se identificar, relatou ao Correio do Estado que, nos últimos seis meses, o trabalho não tem gerado ganhos em razão das corridas muito baratas para longas distâncias.

“As corridas são longas, e o valor cobrado pelo aplicativo é muito pouco, acaba que estou pagando para trabalhar. Então, começamos a ser obrigados a aceitar aqueles trajetos que valem mais para termos um lucro mínimo”, explicou o motorista de aplicativo há 5 anos.

A jornalista Ellen Ramos, 25 anos, reiterou que nos últimos dias tem sentido muita dificuldade para conseguir um carro por aplicativo.

“Eu e minha família estamos dependendo muito dos motoristas de aplicativo e tenho notado a falta de carros disponíveis. Na quinta-feira, fiquei mais de meia hora para conseguir encontrar um motorista que não cancelasse a viagem. Quando enfim consegui, o valor da viagem saiu três vezes o valor original – e em momento de necessidade você acaba tendo que pagar o valor inflacionado”, disse.

O motorista de aplicativo contou que o momento é complicado e desafiador, tanto para a classe quanto para os passageiros, e que está longe de melhorar.

“Eu entendo que os passageiros acabam em alguns momentos sofrendo com essa situação, por não aceitarmos corridas, pelo cancelamento. Mas isso é o nosso ganha-pão, sabe, e selecionar corridas foi a solução que encontramos para continuar: tudo está muito caro, o combustível com mais uma alta”, reiterou.

FISCALIZAÇÃO

Nove postos de combustíveis de Campo Grande foram autuados, nesta sexta-feira, pela Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MS) por aumento abusivo de preços.

A Petrobras anunciou o reajuste de 18% da gasolina e de quase 25% do diesel na quinta-feira. Entretanto, após o anúncio e antes da implementação da medida, na sexta-feira, alguns postos de combustíveis da Capital já começaram a aplicar o aumento de forma indevida.

Na prática, mesmo sem comprar com preço reajustado, os postos de combustíveis repassaram aumentos ao consumidor. Em vários estabelecimentos, o preço do litro da gasolina, que custava em média R$ 6,29, já ultrapassa os R$ 7.

Conforme o superintendente do Procon-MS, Marcelo Salomão, a fiscalização tem como objetivo inibir abusos por parte dos postos de combustíveis.

SAIBA

Desde sexta-feira, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Referente ao diesel, o preço médio saltou de R$ 3,61 por litro para R$ 4,51 por litro.

Via Correio do Estado MS

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