Economia

Recordes no abate de frango e porco não são reflexo do preço da carne bovina, diz especialista

Circuito MS

8:30 15/03/2022

IBGE divulgou boas marcas para suínos e aves e queda nos números da carne de boi

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Em Mato Grosso do Sul, os dados do começo de 2022 sobre o abate de bovinos em indústrias — inscritas no Serviço de Inspeção Federal (SIF) — acompanham a queda que vem sendo registrada ao nível nacional, apesar do aumento de 0,97% se comparado com janeiro de 2021, segundo dados do Sistema Famasul. Nesta terça-feira (15), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 2021 foi o segundo ano seguido de queda no abate de bovinos, enquanto as carnes de frango e porco tem batido recordes.

Diferente do que parece, a carne bovina cada vez mais inacessível no bolso do consumidor não é reflexo direto nos números recordes do abate de suínos e aves, é o que aponta o analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Suínos e Aves da Embrapa, Ari Jarbas Sandi.

“Lembre-se, soja compete em área com a produção de carne bovina. O aumenta desta está fortemente correlacionada aos preços da soja no mercado internacional”, diz Ari.

Ele aponta que a soja também é insumo na produção de rações para os chamados animais monogastricos, como frango e suínos. “Utiliza-se farelo e óleo bruto de soja na composição das rações.  Estas respondem por 82% e 75% dos custos totais de produção de suínos e aves,  respectivamente. Como o milho também está com o preço nas ‘alturas’, esses dois ingredientes pressionaram os custos operacionais”, explica o analista da Embrapa.

Em 2021, 27,54 milhões de cabeças de bovinos foram abatidas, que corresponde a uma redução de 7,8% em relação ao ano anterior.

Já o abate de frangos alcançou no ano passado novo recorde da série histórica iniciada em 1997, registrando 6,18 bilhões de cabeças de frango abatidas, um aumento de 2,8% (+169,87 milhões de cabeças) em relação ao ano de 2020.

Em relação aos suínos, o acumulado de 2021 registrou o abate recorde de 52,97 milhões de cabeças, representando um aumento de 7,3% (+3,61 milhões de cabeças) em relação ao ano de 2020.

Pelos números, o prejuízo para os suinocultores foi de cerca de R$ 1,09/kg de suíno vivo apenas com a ração.

“Em fevereiro de 2020, o custo da ração para suíno era de 3,37, sendo 4,31 o custo total. Nessa época o milho custava R$ 50,23 a saca de 60kg e o farelo de soja R$ 1.465 a tonelada. Nessa época o suíno valia 4,70 no mercado SPOT.

Agora, em fevereiro de 2022, a ração custa R$ 6,33 e o custo total 7,64, enquanto o suíno no mercado SPOT está cotado a R$ 5,24”, detalha Jarbas.

Para o produtor, vale lembrar que existe também outros custos operacionais, que causam desembolso financeiro ou saída direta de caixa, como trabalhadores, transportes, energia elétrica, material genético, etc.

Projeções

Ainda que seja difícil responder, em projeção do mercado da proteína animal, o analista da Embrapa aponta que, no curto prazo de um ano, a produção da carne de aves deve aumentar em 8%; ser 25% maior num período de cinco anos e, a longo prazo (em 10 anos), o Brasil deve apresentar uma produção de frangos superior a dos Estados Unidos.

Já a de suínos, deve se estabilizar no período de 1 anos; ser 2% a mais da apresentada atualmente, no intervalo dos próximos cinco anos e, na próxima década, crescer 5% em relação da atual produção.

Por fim, da produção a campo, Jarbas destaca que pastagem e grãos disputam o mesmo espaço, com a diferença de que pastagens precisam de menos investimentos em máquinas.

“Para responder a essa pergunta é preciso saber o custo de produção e os riscos da carne. Em minha opinião é melhor investir em soja porque é um produto com maior liquidez. Então isso também puxa o preço das carnes para cima, inclusive a de frango e a suína”, finaliza ele.

Via Correio do Estado MS

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