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Refeições saudáveis e feitas em casa podem diminuir a ansiedade e a vontade de comer doce

Circuito MS

15:19 09/09/2021

Segundo nutricionistas, a comida de verdade, feita em casa e sem adição de conservantes, beneficia o corpo e ajuda o intestino

Nos últimos anos, a alimentação saudável, feita em casa e sem a adição de processados, tem ganhado força entre médicos e nutricionistas. A chamada “comida de verdade”, com arroz, feijão, proteína, verduras e legumes, é capaz não só de diminuir a gordura corporal, mas de prevenir o aparecimento de doenças e até melhorar o humor e a ansiedade.

Segundo a nutricionista Kátia Wolff, parte dessa melhora do humor se deve à saúde do intestino, que é composto por uma microbiota, ou seja, vários micro-organismos, como fungos, bactérias, vírus e protozoários, que vivem em equilíbrio e são capazes de produzir diversos nutrientes benéficos para o corpo.

“Alguns micro-organismos produzem vitaminas, minerais e nutrientes para o nosso organismo, como ômega 3 e vitaminas do complexo B. Quando a gente tem uma alimentação baseada em comida de verdade, como arroz, feijão, carne, vegetais, saladas, frutas, verduras e castanhas, comida mesmo, feita por um ser humano, a gente alimenta essas bactérias boas”, explica.

A estimativa é de que o intestino carregue cerca de 100 trilhões de bactérias, que poderiam pesar, por exemplo, de dois quilos a três quilos.

Porém, além desses micro-organismos benéficos, o corpo também tem as bactérias patogênicas, que se alimentam de outros tipos de comida.

“Se eu como um produto industrializado, entre eles, fast-food, bolachas, biscoitos, pizzas, lanches e produtos refinados, eu alimento os micro-organismos patogênicos, maléficos, que não produzem substâncias boas e ainda inflamam o intestino”, diz a nutricionista.

Esse desequilíbrio também pode prejudicar a produção de serotonina no intestino, um neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e que ajuda no controle da ansiedade, famoso por aparecer com frequência no cérebro.

“O intestino libera substâncias químicas, como a serotonina, por exemplo, em resposta à nutrição e à digestão saudável. Quando comemos bem, com variedade e com uma contribuição proporcional de todos os nutrientes, e se temos um almoço saudável, sem pressa, mastigando bem e sem distração, nosso sistema digestivo nos responde e nos agradece com uma sensação de bem-estar, dando-nos um bom suprimento de energia, vitalidade e otimismo”, explica a nutricionista esportiva e funcional Tatiane Passarini.

A intoxicação, por outro lado, pode comprometer o bom funcionamento do intestino e a produção desses neurotransmissores.

“Se por algum motivo a digestão e/ou o trânsito intestinal é lento e incompleto, estamos acumulando resíduos, o que pode causar uma sobrecarga tóxica ou autointoxicação. Percebam que muitas vezes o bem-estar ou o mal-estar emocional podem estar intimamente ligados à qualidade da nossa alimentação e ao adequado funcionamento do trato gastrointestinal”, pontua Tatiane.

Ciclo sem fim

De acordo com Kátia Wolff, que também atua como professora do curso de Nutrição da Uniderp, em casos de ansiedade, os seres humanos tendem a buscar alimentos com os quais tenham uma relação emocional, ou seja, que remetam a situações de alegria e bem-estar.

Nessa lista, normalmente, o doce e as comidas mais gordurosas vencem a disputa contra as frutas e as verduras.

“Nós seres humanos temos a formação do nosso paladar por volta dos cinco anos, então, se essa pessoa foi exposta na infância em situações de alegria e felicidade a doces, ela vai associar o alimento a esse momento. Agora, se na infância ela tinha refeições com alimentos salgados e se sentia feliz, essa pessoa vai ter preferência por alimentos salgados”, explica.

No caso da relação da ansiedade com o açúcar, a situação pode virar um ciclo sem fim. “Acabamos vivendo um looping. A gente come doce para ter prazer, mas alimenta a microbiota ruim, não produz nutrientes adequadamente e vai querer mais doce. Vira um ciclo”, afirma.

Kátia, porém, esclarece que em relação à ansiedade também podem existir outras causas.

“A questão psicológica pode ter uma correlação com alguma deficiência na produção de algum neurotransmissor ou receptor. Tem que ver a parte fisiológica, porque também existe a parte genética”, frisa.

Se for só vontade constante, e não compulsão ou outra patologia, o ideal é insistir na mudança do estilo de vida, a começar pela alimentação.

“A melhor forma é regular o processo bioquímico e fisiológico daquele indivíduo. Por exemplo, por mais que ele coma muito, ele pode ter deficiências de nutrientes, principalmente do complexo B, magnésio e zinco, que são importantes para formar neurotransmissores que geram prazer e bem-estar”, ressalta Kátia.

Outro ponto importante é a prática de exercícios físicos. “Realizar exercícios físicos com frequência produz noradrenalina, dopamina, serotonina, e tudo isso ajuda no controle da ansiedade”, orienta Kátia.

Alimentação saudável

Dicas para diminuir o consumo de doces:

1. Mantenha horários regulares para as refeições

Realizar um planejamento para as refeições ao longo do dia ajuda a diminuir as chances de ficar com fome e exagerar durante a alimentação.

2. Inclua uma fonte de proteína

Segundo a nutricionista Kátia Wolff, o ideal é que a refeição tenha uma fonte de proteína, como ovos, queijos, iogurte, frango, sardinha ou atum. “A proteína regula a produção de hormônios e ajuda o nosso corpo a entender que vai ter alimentos de boa qualidade ao longo do dia, o que pode ajudar na diminuição da vontade de consumir doces”, pontua.

3. Aumente a ingestão de fibras

De acordo com Kátia, as fibras podem ser consumidas por meio de frutas, verduras e legumes.

4. Invista na salada

As saladas ajudam a aumentar a saciedade.

5. Exercícios físicos

Os exercícios físicos ajudam na produção de noradrenalina, hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais que é liberado na corrente sanguínea para transmitir sinais nervosos que ajudam a regular funções cerebrais importantes, como humor, concentração, atenção e memória.

Além disso, também estimulam a produção de dopamina – neurotransmissor que provoca a sensação de prazer e aumenta a motivação –, e serotonina, substância responsável por coordenar diversos quesitos, incluindo humor e apetite.

Via Correio do Estado

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