Interior

Rio Miranda invade hotéis e centro de pesquisa da UFMS

Circuito MS

13:22 29/03/2023

Prédios estão construídos sobre palafitas e os alagamentos são motivo de comemoração, já que atraem turistas

Uma cena que não era registrada desde 2018 voltou a ser vista no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Por causa do grande volume de água canalizado principalmente pelos rios Aquidauana e Miranda, a base de pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e hotéis da região do Passo do Lontra estão “submersos”. Porém, como estão construídos sobre palafitas, funcionam normalmente.

Os hotéis e pesqueiros estão instalados às margens do Rio Miranda, que continua subindo. E ao contrário do que poderia parecer, a alta do rio é motivo de comemoração para empresários e moradores da região.

Depois de anos de estiagem e queimadas, eles agora comemoram porque era exatamente isso que os turistas estavam à espera, explica Lobão, um dos funcionários do hotel Joungle Lodge, que recebe principalmente hóspedes estrangeiros.

Mas, embora o nível esteja alto, a “pesca ainda está ruim, pois a água está muito escura e não está dando peixes. Mas, pelo menos não verificamos mais nenhuma mortandade nos últimos dias”, afirma  Rogério Iehle, que administra uma pousada e um pesqueiro no Passo do Lontra.

E apesar de a água ter se espalhado pela planície, ainda não encobriu a estrada parque. “Nas margens dela está tudo alagado e por isso é possível avistar muitas aves e animais silvestres típicos da região, já que ela é um dos poucos espaços secos que sobram na região”, explica Rogério.

Como o nível continua subindo, a previsão é de que ela fique submersa nos pontos mais baixos entre o entroncamento da BR-262 e o Rio Abobral, segundo Quequé, conhecido comerciante que há décadas tem um bar na chamada Curva do Leque, distante uns 30 quilômetros do Rio Abobral. “Aqui perto do bar, porém, não acredito que tenhamos alagamentos, pois aqui a gente depende da cheia do Rio Paraguai, que neste ano ainda não está alto”, explica o pantaneiro.

Na margem do Rio Miranda, a base de estudos da UFMS ocupa uma área de pouco mais de 21  hectares e tem mais de 1,3 mil metros quadrados de construção. No local podem ser alojadas cerca de 50 pessoas. Além disso, tem toda a estrutura de cozinha, refeitórios, laboratórios, salas de reuniões e salas de aula.

Apesar de a área estar parcialmente submersa, as atividades podem ser todas desenvolvidas normalmente, já que os prédios estão sobre palafitas e interligados por passarelas elevadas. Os hotéis  estão dotados da mesma estrutura.

Rota turística

Antes da inauguração da BR-262, em 1986, a estrada parque era o único acesso terrestre até Corumbá.. Sem asfalto, foi construída sobre aterros de até 3 metros, numa tentativa de garantir o tráfego em qualquer época do ano, porém nas grandes cheias a água invade a estrada em vários pontos e, dependendo da altura, impede a passagem de veículos.

Ao longo de cerca de 120 km foram instaladas 74 pontes de madeira para dar vazão à água que se espalha pela planície pantaneira e fica represada pelo dique criado pela estrada. Neste ano, a região alagada está nas imediações do Rio Miranda, já que o nível do Rio Paraguai ainda está longe de ponto de transbordamento.

Na manhã desta quarta-feira, o nível na régua de Ladário estava em 2,42 metros, o que é 22 centímetros abaixo do pico do ano passado (2,64). Mas, somente depois dos quatro metros é que o principal rio pantaneiro começa a transbordar. Contudo, este nível já é maior que o pico de 2020 (2,10 metros) e 2021 (1,88 metro). Pela estrada parque, a travessia pelo Rio Paraguai ainda é feita por balsa, no Porto da Manga.

Via Correio do Estado MS

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