Campo Grande

Seca recorde do inverno pode fazer ar se tornar impróprio em Campo Grande

Circuito MS

11:36 14/06/2022

Prognóstico da estação mostra que tendência é de que a estiagem possa alcançar até 30 dias na região central do Estado

Tempo seco e com previsão de estiagem que pode durar mais de 30 dias, este é o prognóstico para o inverno deste ano, em Campo Grande. Com essas condições, o nível de qualidade do ar na cidade pode se tornar impróprio, segundo o físico Widinei Alves Fernandes, doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

O período já é recorrentemente o que registra os maiores acúmulos de poluentes no ar durante o ano e, segundo Fernandes, antes da chuva da semana passada, o acúmulo de material particulado (conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho) já alcançava o nível moderado de poluição.

Os dados são da estação de monitoramento da qualidade do ar instalado na UFMS. No ano passado, o pico de poluição ocorreu em agosto, quando atingiu o recorde para 2021.

Este ano, mesmo durante o período em que esses índices costumam ficar abaixo de níveis mais críticos, os dados da estação demonstraram que houve um acumulo significativo no primeiro trimestre de 2022, por causa do baixo acumulado de chuva em Campo Grande.

Segundo Fernandes, para se ter uma, na semana passada o valor registrado era de mais que o dobro do apontado pela estação nesta segunda-feira (13), quando o índice estava em 9, número considerado bom.

“Esse período seco todo ano é o que a concentração de poluente atinge o pior nível. Então com esse aumento de dias sem chuva, a concentração deve ficar ainda pior e esses valores podem tornar o ar impróprio, aumentando diversos problemas ligados a saúde. Todos que têm problemas respiratórios vão sofrer”, declara o físico.

Para o pesquisador, a única forma de conter esse aumento significativo da poluição em Campo Grande são campanhas educativas realmente eficientes para controlar as queimadas na cidade e também no interior, já que a fumaça dessas áreas é trazida para a Capital.

Entretanto, este ano, só na região pantaneira, o número de queimadas na região quase dobrou nos quatro primeiros meses de 2022.

“As partículas de poluentes removidas pela chuva, sem ela, esse material tende a se concentrar e com o aumento dos dias sem precipitação, tende a haver queimadas, o que que é ainda pior. Se 10 dias sem chuva já dá para notar uma piora, 30 dias pode fazer com que nossa concentração seja maior que em anos anteriores”, explica o professor da UFMS.

Prognóstico

De acordo com o prognóstico de inverno do meteorologista Natálio Abrahão, do Centro Meteorológico da Univerp, “não se descarta períodos longos, acima de 30 dias com estiagens sem ou pouca chuva na Capital”.

“Estas devem ocorrer de forma irregular e mal distribuídas em baixo volume, nos finais de tarde e valores próximas as medias históricas. Os modelos mostram redução dos índices pluviométricos a partir de meados de julho no Centro-Norte, Nordeste e Leste do Estado em torno de 25%. Essas chuvas prosseguem abaixo das médias nessas regiões. Deve haver chuvas dentro das médias no Sul, Sudoeste e Sudeste do Estado. Os maiores totais de chuva, somados, no trimestre, não serão superiores a 100 mm, nas Regiões Norte e nordeste. Dentro deste valor na região centro, sudeste, sudoeste e sul. Para Campo Grande, a média no trimestre é de 179,3 mm e o esperado é de 135 mm”, diz trecho do prognóstico. Campo Grande está localizado na região central do Estado.

“Campanhas de controle de queimadas urbanas educativas têm resultado na qualidade ar”

Widinei Alves Fernandes, doutor em Geofísica Espacial pelo INPE

Ainda de acordo com o documento, até final de junho a probabilidade será de 45% a 50% de chances de não chover em todo o Estado. Já em julho, nas regiões Norte, Leste e Sudeste há 60% de chances de não haver precipitação. Enquanto nas regiões Sul e Sudoeste há 60% de chance de haver estiagem significativa.

Em agosto, em alguns municípios do Estado, “há chance de chuvas dentro das médias que são pequenas, em torno de 20 mm, com viés de possibilidade de estiagem e temperaturas muito elevadas, acima de 35°C. A umidade relativa pode bater recordes abaixo de 15%”.

As chuvas devem ocorrer depois do dia 10 de setembro nas regiões leste e sudeste do Estado. Já nas regiões central e sul as chuvas se iniciam a partir do dia 8, com fortes ventos, segundo Abrahão.

Frio

O inverno começa às 23h32 do dia 20 e junho em Mato Grosso do Sul e será marcado por passagens de frente fria rigorosa, com temperaturas negativas. Conforme o prognóstico, o inverno, que compreende os meses de junho, julho, agosto e parte de setembro, terá temperaturas predominantemente amenas.

Durante o período, deve haver oscilação, com dias de calor e outros de frio. São esperadas passagens de frente fria que devem derrubar as temperaturas, especialmente no mês de julho.

A entrada das massas de ar polares aumenta a ocorrência de episódios de nevoeiros e geadas no centro-sul do Estado. A massa de ar polar mais intensa está prevista para os dias 11 a 13 de julho, quando são esperadas temperaturas abaixo de 0°C em algumas regiões.

A ocorrência de frentes frias deve ocorrer durante os primeiros 30 dias de inverno. A partir de agosto, o frio fica menos frequente e a probabilidade é de temperaturas acima do normal, até novembro.

Via Correio do Estado MS

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