Sesau tem apenas nove ambulâncias e mais de 100 pacientes precisam de transporte gratuito
13:14 03/05/2023
Situação precária da frota tem implicado na descontinuação inclusive de quem acompanha e faz tratamento oncológico
Registros da Secretaria Municipal da Saúde indicam que hoje, a Sesau possui pelo menos 100 pacientes que precisam do serviço de transporte gratuito, e uma frota de apenas nove ambulâncias em rodízio para dar conta dessa demanda, com a chance de que o menor estrago descontinue tratamentos de saúde importantes.
Fernando Meira, diagnosticado com câncer de próstata que se estendeu para metástase, e já comprometeu toda sua coluna vertebral, é um dos que teve sua assistência e tratamento prejudicados devido à baixa nas ambulâncias, perdendo uma de suas sessões de quimioterapia e outros dois exames médicos.
“Sempre nos dá uma surpresa. As ambulâncias são velhas e quebram com muita frequência. Costumamos dizer que a prefeita, junto do seu secretário, são os dois grandes aliados do câncer aqui de Campo Grande”, desabafa ele.
Quanto a essa descontinuidade, a Sesau assume a descontinuação do atendimento em razão da baixa na ambulância, porém desconversa que esse fato seja recorrente e diz que a baixa aconteceu apenas uma vez.
Conforme laudo médico, Fernando, de 58 anos, é diagnosticado com o câncer de próstata que se espalhou para a metástase, apresentando diversas lesões em vértebras da lombar e bacia.
Temporariamente acamado, pelo estágio de comprometimento da coluna, ele esclarece que é preciso ao máximo evitar um novo trauma já que, ao fim do tratamento do câncer, a coluna e toda parte óssea será o próximo alvo do tratamento.
“A parte óssea avariada pelo câncer está como um queijo suíço, muito danificada, por isso tenho que evitar movimentos com a coluna”, justifica ele sobre a necessidade da maca para a locomoção.
Com isso, ele tem sua mobilidade física temporariamente comprometida e, consequentemente, também as atividades básicas que precisa desempenhar no dia-a-dia, sendo necessária inclusive aplicação de morfina para o controle da dor, segundo laudo médico da Santa Casa de Campo Grande.
Importante ressaltar que, com as faltas, a irmã de Fernando, Helena Fernandes Meira, é quem fica responsável por ir até a Santa Casa e informar os médicos do não comparecimento e, com isso, o medicamento daquele dia de é perdido (jogado fora, por ser específico para cada quimioterapia).
Além disso, ele faz questão de pontuar que, até mesmo a sala reservada no hospital fica vazia pelo não comparecimento, o que por sua vez prejudica outros pacientes, que poderiam ocupar o lugar vago diante da ausência.
Muita gente, pouco carro
Resposta obtida pelo Correio do Estado, através da Sesau, evidencia que o município conta, hoje, com mais de 100 pacientes necessitando desse serviço de transporte gratuito e apenas nove ambulâncias estão disponíveis para o atendimento.
Sem apontar exatamente quando essa baixa frota será reforçada, a Sesau afirma que a “Prefeitura está finalizando o processo de aquisição de quatro ambulâncias que serão empregadas neste serviço”.
Ainda, segundo a secretaria, um estudo de rota é feito periodicamente, com a intenção de melhorar a logística de atendimento à esses pacientes.
Mesmo assim, Fernando salienta não haver uma programação e que, diante desses casos pontuais de estrago no veículo, não é solicitado o apoio dos demais serviços de transporte médico, como bombeiros ou equipes do Samu.
“Simplesmente deixa de prestar o serviço, como se o câncer fosse esperar a boa vontade dessa administração incompetente e descontextualizada da assistência social”, frisa ele.
Via Correio do Estado MS
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