Saúde

Susto passou, mas alerta é para que pais escondam produtos químicos

Circuito MS

9:50 03/08/2019

[Via Campo Grande News]

Intoxicada com Amitraz, um tipo de carrapaticidade, uma criança de 1 e 11 meses foi internada e entubada, na Santa Casa de Campo Grande, na quarta-feira (31). Na quinta, dia em que ela completou 2 anos, a melhora que demonstrou foi presente para os pais. Ainda assim, o caso deixa um alerta para quem tem criança em casa e armazena veneno e produtos químicos.

Quem lida diariamente com intoxicações pede muita atenção. Coordenador do Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), autarquia ligada à SES (Secretaria Estadual de Saúde), Karyston Adriel afirma que episódios como o da criança ocorrem pelo mesmo motivo: descuido na hora de guardar os produtos.

O Civitox auxilia no diagnóstico, prognóstico, tratamento e prevenção dos casos de intoxicação, além de atuar na orientação sobre a toxicidade e riscos das substâncias químicas. “A intoxicação quando é com criança, como a criança não fala, ou o responsável chega sem saber o que intoxicou ou chega dizendo que ingeriu tal coisa, neste caso o responsável chegou falando que foi por carrapaticida”, comenta.

“Esse tipo de produto é parecido com leite. A maioria é um descuido, fica embaixo do armário da pia, fica acessível, a criança se intoxica porque fica acessível. A gente sempre orienta que não deve ficar externo, deve ficar guardado em armário superior, de preferência fechados”, disse.

Guardado no teto – A mãe da criança, Aline de Souza, 28, ganhou um presente com a melhora da filha na quinta-feira. Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, a bebê já estava sem sedação, estável e um pouco sonolenta. A mãe relata surpresa, já que o produto, que nem era mais utilizado, estava guardado no teto da casa. A família, mãe, pai, a criança de quase 2 anos e os dois irmãos, de 4 e 6 vivem, no Jardim Seminário.

“Eu estava em casa lavando roupa, esse veneno eu tinha comprado ele num Petshop, que me orientou a lavar a área com esse veneno, usei e lavei, faz muito tempo, e armazenei no telhado. Meu marido fez uma limpeza e pendurou uma vassoura no telhado, no vão da telha e nisso acredito que empurrou e caiu no chão”, conta a mãe.

Quando se deu conta, Aline viu a filha com o carrapaticida nas mãos e sinais de náusea. A melhora da filha, para ela, é um sinal de que ela não ingeriu o produto, mas que chegou a aproximá-lo da boca. “Já corri na hora para o pronto-socorro. Ela começou a querer dormir, eu mexia nela e ela acordava”, disse.

“Em casa tudo fica no alto, mas infelizmente aconteceu”, comenta.

Cachorro em rua do Jardim Noroeste (Foto: Ronie Cruz)Cachorro em rua do Jardim Noroeste (Foto: Ronie Cruz)

Casos – Artigo publicado na Revista de Enfermagem da USP (Universidade de São Paulo) mostra os resultados de um estudo que coletou dados de contaminação de pessoas de 0 a 24 anos em todo o Brasil em 2013.

Segundo o artigo, crianças menores de um ano tiveram maior frequência das intoxicações causadas por pesticidas (66,7%) como veneno para rato, carrapaticida e inseticida aerossol. Já as as de 1 a 4 anos, foram intoxicadas por produtos de limpeza (34,4%) como detergente, água sanitária e removedor de manchas.

Preferência por produtos caseiros – Em Campo Grande, pelas ruas do Bairro Jardim Noroeste, mães relataram medo de que os filhos acessem produtos tóxicos e para prevenir contaminações, optam por tratar os animais com produtos “caseiros”. Fabiana Cristina de Souza, 34, dona de casa e mãe de um filho de 1 ano e 2 meses, lava a área com cal virgem e creolina. “Não uso veneno porque é perigoso”, disse.

Já Aline Gomes Soares, 29 anos, mãe de 4 crianças, utiliza um preparado de plantas, além de óleo de veículos queimado, para combater a proliferação de carrapatos no cachorro da família. “Tenho medo de passar outras coisas por causa da criança”, emenda.

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