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Tamyres deu valor à própria companhia depois de duas viagens sozinha

Circuito MS

10:20 13/10/2018

[Via Campo Grande News]

Indo contra o medo de pegar a estrada sozinha, coisa que a maioria das mulheres ainda vivem, se sentindo dependentes de companhias para conhecer o local dos sonhos, a psicóloga Tamyres Cuellar deu o exemplo e viveu em dois momentos completamente distintos, completamente sozinha, a experiência de ser sua própria companhia: em São Paulo, no ano de 2012, e na Chapada dos Guimarães no ano passado.

Ela, que já curtia estar só, encontrou nestas duas experiências a certeza de que, assim como viajar acompanhada, não ter ninguém para ir contigo promove uma experiência tão boa quanto. Um divisor de águas e a sensação de empoderamento de si marcou estes dois momentos, em que a psicóloga, ainda por cima, gastou muito pouco.

”Para São Paulo gastei com taxi e com a passagem, que comprei na promoção. Fiquei em um hotel e um amigo da minha mãe. Para Chapada eu comprei uma passagem também na promoção para Cuiabá, de lá peguei um ônibus e fiquei em um hostel que me cobrava cerca de R$ 50.00 por dia. Foram 5 dias lá, fazendo os passeios gratuitos, indo de ônibus aos passeios, de bicicleta e de carona”, pontua.

Na primeira experiência, para São Paulo, Tamyres havia programado toda a viagem junto de uma amiga para assistir ao show dos Los Hermanos. Só que, na última hora, a companheira a avisou que teria de cancelar o passeio e ela, que tinha certeza do que queria, decidiu que toparia a viagem consigo mesma.

”Eu tinha claro para mim que iria mesmo sozinha. Lembro que minha mãe ficava meio assim só por eu não ter companhia, igual ela fala de eu morar sozinha,ela diz que não consegue, não acha legal, tem uma visão totalmente diferente da minha”, diz, a respeito do que a família achou, na época, de sua decisão.

Sozinha seguiu ao aeroporto e escolheu ficar no hotel do amigo da mãe, bem no centro da grande São Paulo. ”De cara já amei a possibilidade de fazer meus próprios horários, seguir meu roteiro e as minhas vontades, deu super certo”.

Para o show, que foi o momento em que mais gastou até então, a psicóloga encarou a fila sozinha e de repente estava super amiga de uma galera de Poços de Caldas, um grupo de meninas e meninos que foram pra lá só pra ver o show de van.  ”Ficamos o show todo juntos”.

Da galera do show, Tamyres se aproximou mais de Mariana, uma das amigas deles que não morava mais em Poços, morava em Florianópolis. ”Ela ia pegar ônibus pra voltar pra lá no outro dia de manhã, ia ficar a noite toda na rodoviária. Eu estava em um quarto de hotel que tinham duas camas e convidei ela pra dormir e de lá ir pra rodoviária, pra não ficar a noite toda em claro. Ela foi, achei demais ela ter confiado em mim e eu nela porque afinal coloquei ela no meu quarto com toda a minha bagagem”.

A viagem seguiu sem problemas até o ponto alto de toda a experiência: andar com fones de ouvido e se emocionar ao notar a multidão e o caos que a cercavam. ”Me sentia muito feliz pela liberdade de estar ali, fazer exatamente o que queria sem precisar ficar discutindo sobre onde é melhor, fazer no seu tempo, sem cobrança nenhuma, é o seu e só seu desejo, o seu momento”.

Marcada para sempre pela experiência, a falta de grana, de tempo e o engate em um relacionamento sério a fizeram postergar a segunda viagem sozinha. Foram cinco anos esperando pelo momento em que viveria de novo aquela sensação. Desta vez, em meio a natureza, passou cerca de 5 dias num dos locais mais paradisíacos do Brasil, a Chapada dos Guimarães.

”Eu fui ao casamento de uma amiga em Cuiabá, calhou de ser no meu mês de férias. Então quis aproveitar por já estar perto da Chapada, e fui para lá, de ônibus mesmo. Aluguei o quarto em um hostel e fiz os passeios gratuitos sozinha, feliz”.

Tamyres fez trilhas sozinha, pegou a bicicleta emprestada da dona do hostel e, pedalando, chorou de alegria admirando o por do sol, realizada por simplesmente poder viver aquilo.

A noite, mesmo receosa, sentindo medo de andar sozinha, encarou os próprios demônios e foi. ”Acho que a idade traz mais noção, medo. Deixei de ir ver o por do sol em um mirante, por exemplo, porque pensei que teria que voltar de bike sozinha, tive medo e voltei antes”, comenta ela sobre as mudanças de viajar sozinha um pouco mais velha.

Hoje ela encara que sua experiência pode sim trazer coragem à outras mulheres mas sabe que ”o medo, além da parte social, também é muito subjetivo e singular”, por isso indica que todas experienciem essas coisas, mas entende que cada pessoa precisa do seu tempo. A próxima parada, se tudo der certo, será em alguma praia, e seja com amigos, com namorado ou sozinha, ela tem certeza que sua própria companhia é uma das melhores que podia ter.

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