Taxa Selic: entenda o que é e como interfere em sua vida e na economia
8:34 02/08/2023
O Banco Central define nesta quarta-feira se haverá o primeiro corte na taxa básica de juros em três anos
Responsável por nortear toda a cadeia econômica, a taxa básica de juros, a Selic, é capaz de ditar o cenário micro e macroeconômico. A taxa existe para definir ações simples, como quanto o consumidor pagará em empréstimos ou um investidor receberá por um título que adquiriu.
De acordo com o mestre em Economia Lucas Mikael, a Selic tem diversas funções na economia brasileira, sendo o controle da inflação a principal.
“É uma ferramenta utilizada pelo Banco Central que funciona da seguinte forma: ao aumentar a Selic, o custo do crédito fica mais alto, o que tende a reduzir o consumo e, consequentemente, a demanda por bens e serviços, ajudando a controlar a alta dos preços”, explica.
Já o mestre em Economia Eugênio Pavão salienta que a taxa é utilizada para a troca de dinheiro entre bancos, ou seja, é a taxa cobrada por empréstimos entre bancos. “A taxa de juros anual é o valor da primeira negociação e segue até chegar no fim da cadeia econômica. Valor que não é utilizado comumente no mercado”.
O economista Márcio Coutinho completa dizendo que o juro serve para determinar o custo do dinheiro. “Funciona como uma ferramenta utilizada pelo Banco Central para combater a inflação, que, quando tem tendência de alta, o governo sobe a taxa básica. Quando a inflação está controlada, a Selic é diminuída”.
No contexto econômico, a taxa básica de juros serve como termômetro para a economia do País, em primeiro lugar, como controle da inflação, posteriormente, como referência para juros para definir as taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
Já no quesito política monetária a taxa é uma forma de o governo atuar na economia, por meio do controle da quantidade de moeda em circulação. Na sequência está a influência na atratividade de investimentos para o Brasil.
“Quando a Selic está alta, os investimentos de renda fixa tornam-se mais atrativos, atraindo recursos para o País”, aponta Mikael.
IMPACTO
Além de afetar a vida do cidadão comum, do investidor e das instituições financeiras, a Selic afeta as finanças do governo. Estando alta, o governo pode enfrentar maiores gastos com juros da dívida, afetando o Orçamento e as políticas públicas.
No controle do câmbio, afeta a competitividade das exportações e importações. Variações na Selic podem atrair ou afastar investidores estrangeiros, o que pode ter efeitos significativos na balança comercial do País.
“Em resumo, a Selic desempenha um papel fundamental na condução da política monetária e econômica do Brasil, afetando diretamente aspectos como inflação, crédito, investimentos, dívida pública e câmbio. É uma ferramenta poderosa, utilizada pelo Banco Central para buscar a estabilidade e o crescimento econômico sustentável”, reforça Mikael.
Pavão frisa que o reflexo sobre a inflação não é imediato, levando entre seis e oito meses para fazer efeito. “O processo até levar à queda da inflação depende da velocidade das negociações, e os juros altos levam a queda de investimentos, menos empregos e menor tributação, causando uma queda na atividade econômica”.
Em outras aplicações, no âmbito microeconômico, em que está população em geral, a taxa Selic é usualmente utilizada em empréstimos e financiamentos: quando a Selic está alta, as taxas de juros também tendem a subir, o que pode encarecer o crédito para quem busca empréstimos pessoais, financiamentos de veículos e imóveis, entre outros.
No campo dos investimentos, a taxa também tem um papel importante para quem investe. “Quando ela está alta, os investimentos de renda fixa, como títulos públicos e CDBs, tendem a ter rentabilidades mais atrativas. Já em momentos de baixa os investidores podem buscar alternativas mais rentáveis, como ações ou fundos de investimento”, detalha Mikael.
O economista ainda salienta que o poder de compra das pessoas pode ficar comprometido, dependendo da variação do referencial econômico. “Quando a taxa está alta, o crédito fica mais caro, o que pode levar a uma redução no consumo de bens e serviços parcelados, como eletrodomésticos e eletrônicos, entre outros”, lista Mikael.
REUNIÃO
A Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Formado pelo presidente e seus diretores, as reuniões ocorrem periodicamente ao longo do ano e sempre se iniciam em um dia e são concluídas no dia seguinte, momento em que ocorre a definição da taxa básica de juros do País.
Os encontros são previamente agendados: o cronograma é divulgado de um ano para o outro, e o intervalo entre as reuniões é de 45 dias. Entretanto, o presidente do Banco Central tem o poder de convocar uma reunião extraordinária, em caso de alterações bruscas e de grande relevância no cenário macroeconômico.
Neste mês, a reunião teve início ontem e termina hoje. Esta é a quinta reunião do Copom este ano e há expectativa de corte nos juros.
Em agosto de 2020, a Selic teve o menor porcentual já registrado na história, chegando a 2% ao ano. A partir de março daquele ano, a taxa começou a subir, só parando de aumentar em setembro de 2022, quando chegou aos atuais 13,75%. Desde então, mantém-se estável no mesmo patamar.
Sobre o resultado da reunião, o economista Eugênio Pavão acredita que haverá o primeiro corte dos juros. “No Brasil, os indicadores já mostram a necessidade de queda, mas a política monetária conservadora dificilmente vai dar uma redução consistente”, pondera.
Conforme expectativa do mercado financeiro, o corte na Selic pode chegar a 0,5%, considerando que o Boletim Focus aponta estimativa de a Selic chegar a 12% até o fim deste ano.
Via Correio do Estado MS
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