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Terra do ET Bilu abre as portas para turismo e quer desmistificar o fim do mundo

Circuito MS

7:20 15/07/2019

[Via Campo Grande News]

Para chegar até Zigurats é necessário encarar cerca de 1h30 minutos pela MS-080 antes do asfalto se transformar em estrada de terra. Depois, dependendo do veículo, são mais 40 minutos de vegetação do Cerrado, subidas e descidas do caminho íngreme cercado por morros.

A cidade com cara futurista, com casas redondas cobertas por mantas térmicas que refletem a luz da lua e com direito até há uma pirâmide, atrai a atenção de curiosos, desde fascinados por ufologia até que curte só a natureza. Agora, Zigurats ganhou também agência de turismo, abrindo de vez as portas para visitação.

No fim de semana, a comunidade organizou um festa julina, simples, com a originalidade de uma comemoração de interior e aberta a quem quisesse conhecer o lugar famoso pela “aparição” do ET Bilu e pelas ideias controversas de Urandir Fernandes, mentor de quem vive nesse ponto do município de Corguinho. O convite foi feito a toda a imprensa, mas só o Lado B apareceu. A influência política ficou evidente por outros convidados, como o presidente da Câmara, a atual prefeita e o ex-prefeito.

Durante a noite, o mestre de cerimônias chamou a atenção para luzes piscando no céu, segundo ele, “visitantes” que resolveram participar da festa. Mas independente de acreditar ou não no que os moradores dizem, de ver ou não discos voadores, a paisagem e o por-do-sol valem o poeirão e os buracos da estrada.

A viagem também se justifica pelas excentricidades, como a pirâmide em construção, que será morada de Urandir, o obsvatório de OVNIs e a “Casa do ETBilu”, com arquitetura projetada para suportar tornados e outra intempéries do “fim do mundo”.

A estrutura também é bacana, com pousadinhas que tornam a experiência completa no estilo Zigurats.

“Nosso objetivo é desenvolver as comunidades próximas e acrescentar de forma positiva o conhecimento para a população e estamos abertos a quem quiser somar”, explica Olávio Gonçalves, de 57 anos, morador que fez as vezes de guia e levou a equipe do Lado Bpelas ruas de terra, que vistas de cima parecem interligadas ao centro, por hora vazio, reservado à uma pirâmide de 63 metros de altura ainda em construção, que será com um “shopping” cósmico, com produtos de Zigurats.

Olávio chegou à comunidade depois de conhecer o trabalho de Urandir, o fundador do Projeto Portal. Figura polêmica, ele ficou nacionalmente conhecido como o “pai do ET Bilu” e por defender a existência de outras dimensões habitadas por seres evoluídos. Responsável pela  fundação de pesquisa Dakila, Urandir divulga suas ideias com materiais como o documentário “Terra Convexa”, que contesta, por exemplo, que a terra é redonda.

A comunidade já existia, mas ainda não havia uma única construção no local hoje ocupado pelas 150 casinhas redondas. Atraído pela proposta de dedicação à melhoria de vida da população, otimizar a qualidade de vida e criação de uma cidade com condições para o desenvolvimento de pesquisa e busca do conhecimento. Em 1999 Olavo chegou à Corguinho para conhecer o espaço e acabou ficando.

Todos os “associados” são pesquisadores dentro da ufologia paracientífica, que vai além dos limites conhecidos pela ciência. “Aqui trabalhamos com realidades, dimensões paralelas. Os mundos estão próximos, nesse momento é muito mais possível transitar entre essas dimensões, basta acelerar a frequência mental e entrar em beta”, diz Olávio.

Ao contrário da meditação, ele explica que o objetivo não é relaxar corpo e mente para alcançar o estado de alfa e sim acelerar o fluxo de pensamentos e chegar ao beta. “Meu corpo vai estar relaxado, mas a minha mente estará aberta e prestando atenção à tudo. Às vozes das pessoas conversando, ao sons dos pássaros, ao farfalhar do vento, aos aromas. Fazendo isso eu amplio os meus sentidos e a capacidade da minha mente de captar experiências extra sensoriais. É como ligar uma antena”.

Com observação, cada morador ou visitante registra as próprias experiências contribuindo para o conhecimento coletivo. “Trabalhamos com as lacunas científicas e com as anomalias que a ciência não consegue explicar. Não há distinção entre religiões e crenças, todos nós viemos de fora, cada um com a sua bagagem e tudo bem. Aqui é uma escola, a diferença é aqui trabalhamos em outra frequência mental, só isso”.

E é exatamente isso que o turista é convidado a fazer, não é necessário compartilhar das crenças dos moradores, apenas estar aberto à experiência. A busca é por quebrar as barreiras do conhecimento “saindo da redoma”, por ali as pessoas são estimuladas a ativar os sentidos extra sensoriais da mente e descobrir por si próprias se acreditam ou não nas explicações para os mistérios do mundo.

Inspirada nos ensinamentos do mundo antigo, a cidade foi pensada para a vida eterna.  As casas já famosas no interior de Mato Grosso do Sul são projetadas para que a energia de kundalini, forma de energia que flui em espiral, circule livremente. “Há muito tempo atrás disseram que nós eramos a comunidade do fim do mundo. Nós somos os primeiros a dizer que não há fim do mundo. O que fizemos aqui nos prepara as mudanças climáticas, no hemisfério sul não haviam ciclones ou tornados, agora já tem. A tendência é inverter do norte para o sul, as partes altas sofrerão com vendavais e as partes baixas com o nível das águas. A aerodinâmica dela favorece a resistência às intempéries”.

Olávio é morador de Zigurats desde 1999, mas fez o papel de guia. (Foto: Kísie Ainoã)Olávio é morador de Zigurats desde 1999, mas fez o papel de guia. (Foto: Kísie Ainoã)

Além dos formatos circular e pirâmidal, cada construção foi posicionada em um ponto de energia estratégico em Corguinho, considerando pela comunidade um dos maiores vórtex de energia magnética da terra.

“Ao longo do tempo as civilizações construíram esses monumentos, esses vórtex de energia, como as pirâmides do México, Egito e Machupicchu. Esse tempo agora, vai ser essa aqui. São 63 metros de altura e 63 metros de base, quando ficar pronta, ela terá a altura de um prédio de 21 andares. O centro deve ficar livre para o fluxo de energia, mas todo o resto deve ser aproveitado”, conta Olávio.

Já é possivel ter uma ideia do resultado com base na “pirâmide menor” que acabou de ficar pronta, comparada à construção central, ela tem apenas três andares e foi feita de maneira escalonada. De acordo com Olávio o motivo também está relacionado ao vórtex energético em que está localizada Zigurats. “Nesta era a energia vibra na frequência feminina toda a construção escalonada assim, foi construída em função da energia feminina. Assim como a pirâmide de Chichén Itzá, no México”.

Quando questionado sobre as influências desse campo energético, ele explica estar diretamente relacionado à qualidade de vida. “É a nossa primeira pauta, que envolve alimentação saudável, exercícios físicos, sono reparador e então o aproveitamento das energias. Estamos inclusos no processo energético”.

Interior da casa Manjericão, disponível para aluguel para os turistas (Foto: Kísie Ainoã)Interior da casa “Manjericão”, disponível para aluguel para os turistas (Foto: Kísie Ainoã)
Ao lado da pirâmide menor, a pousada de Zigurats está aberta para receber os turistas (Foto: Kísie Ainoã)Ao lado da pirâmide menor, a pousada de Zigurats está aberta para receber os turistas (Foto: Kísie Ainoã)

Ao lado da pirâmide, que vai virar casa, está a única pousada de Zigurats. São três quartos com suíte e que podem ser alugados para uma única noite ou para o fim de semana inteiro. Dependendo do pacote escolhido. A entrada na comunidade é gratuita, mas a agência oferece um dia completo com almoço, trilha com direito a guia e seguro viagem por R$ 150, por pessoa. Para quem pretende passar mais de um dia, os preços variam entre R$ 406 e R$ 567, com almoço e jantar inclusos.

Parte da experiência, o observatório é também um ponto de conexão com o resto do mundo, ali estão instalados os pontos de internet e televisão da comunidade. Estrategicamente escolhido pelo ponto de energia, a construção conta com um telescópio automatizado, de onde é possível monitorar o céu noturno longe das luzes da cidade.

Para visitar Zigurats entre em contato pela página da agência de turismo da comunidade pelo Facebook, clicando aqui.

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