Alunos são escravos de marcas em performance sobre o consumismo
7:50 17/05/2018
[Via Campo Grande News]
Performance de alunos do curso de Artes Visuais da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) gerou burburinho por onde passou, nesta quarta-feira (16) em Campo Grande. Seja nas ruas do Centro ou pouco antes de serem “convidados a sair” do Shopping Campo Grande, treze alunos traziam no semblante a submissão e como roupas, marcas famosas acusadas de usar mão de obra em condições análogas à escravidão.
A performance “Consumo humano” é resultado da disciplina Poéticas Contemporâneas do curso, e fazia uma crítica contundente ao consumismo nosso de cada, por meio da provocação. E conseguiu.
Vestidos com sacolas de logos como da Apple, M.Officer, C&A, dentre outras marcas, os alunos tinham como alegoria de interpretação, além das vestes improvisadas, o corpo por meio do olhar, da decadência, tristeza no vislumbre dos preços e vitrines. Do sentimento de dependência que nós como clientes, também alimentamos pelo consumo, explica o professor.
Pelo shopping, o trabalho durou cerca de dez minutos antes de chamar a atenção, não só dos clientes, mas também da segurança. Mas a abordagem, até certo ponto esperada pelos atores, também fazia parte da proposta.
“É necessário compreender que a performance é um gênero artístico e ela envolve um conceito, uma ideia, e através dessa ideia materializada, pretende causar um certo estranhamento em um ambiente e nas pessoas”, comenta o professor Paulo Duarte Paes, responsável pelo trabalho dos alunos.
“É um gênero que pressupõe o inesperado, caso precisasse de uma autorização para acontecer, não seria arte”, acrescenta Paulo. Com a permanência negada no shopping, os alunos seguiram para o Centro.
Por lá, a Afonso Pena, Rui Barbosa, 14 de Julho e Barão do Rio Branco, dentre outros cruzamentos foram palco dos estudantes.
Paulo conta que o trabalho foi resultado de cerca de dois meses de pesquisa dos alunos do 7º semestre, voltados especificamente à escritores da arte da performance. Inédito até hoje, o trabalho ainda pode ser apresentado pelos estudantes no Festival de Inverno de Bonito, deste ano.
Além de professor há dez anos na universidade, Paulo também é coordenador do curso de Artes Visuais da UFMS.
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