Comportamento

Inédita, rede subterrânea promete dar fim a emaranhado de fios no Centro

Circuito MS

10:35 17/05/2018

[Via Campo Grande News]

Aquele pandemônio de fios e cabos de energia, telefone, internet e o emaranhado de equipamentos que atualmente poluem o visual da Rua 14 de Julho, em Campo Grande, estão com os dias contados. A partir do lançamento das obras do Reviva Centro, nesta semana, será implantada uma moderna rede elétrica subterrânea na região. A exemplo de inovadores sistemas adotados em outras capitais brasileiras, “vai tudo para debaixo do chão”.

O “resumão” é do engenheiro eletricista Airton Faria Vargas, 71, que participou ativamente da elaboração do Reviva Centro. Os trabalhos foram iniciados na terça-feira (15) e contemplam a revitalização de dez quadras da Rua 14 de Julho, entre a Fernando Corrêa da Costa e a Avenida Mato Grosso.

“Uma das alterações previstas é a redução de três para duas vias da pista de rolamento. Com isso, iremos implantar um moderno sistema subterrâneo para acomodar toda a fiação e os equipamentos elétricos, que hoje são aéreos”, diz.

Do lado de fora, ficarão somente os mais de duzentos postes de iluminação pública, implantados a cada 12 metros ao longo da via. Neles, serão instaladas lâmpadas a 6 metros e 4 metros de altura, intercaladas, para que haja também iluminação nas calçadas.

Engenheiro eletricista Airton Vargas, na Rua 14b de Julho, nesta tarde, explica alterações do sistema elétrico à equipe do Campo Grande News. (Foto: Paulo Francis)

O engenheiro ressalta que o projeto possui muitas particularidades, especialmente por incluir a conexão elétrica de cada comércio com a nova rede subterrânea.

“Gastamos muita ‘sola de sapato’, percorrendo todas as lojas, obtendo dados sobre os imóveise desenvolvendo estudos individuais. Para os empresários não haverá alterações nem custos, já que tudo será executado pela Energisa”, frisa, destacando a parceria da concessionária no processo.

Na fachada de cada comércio, serão implantados os chamados “prismas”, caixas de aço inoxidável onde será acomodada toda a fiação do local.

“Um dos grandes trunfos do projeto é sua tecnologia, que permite a expansão da rede subterrânea para outras ruas, outros bairros, sendo adaptável ao crescimento da cidade, sem grandes transtornos físicos”, detalha.

A gerente Eva Pereira, no balcão de uma loja de joias, no centro. Não aguento mais transformador estourando. (Foto: Paulo Francis)

Ineditismo – Como é um projeto inédito em Mato Grosso do Sul, foi necessário buscar referências em outras regiões. Airton visitou redes subterrâneas em Campinas e na Rua Oscar Freire, em São Paulo, onde teve acesso às tecnologias da concessionária Eletropaulo.

O sistema já foi adotado no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Goiânia, mas atualmente é o único em construção no Brasil. Ele deverá ser apresentado em um seminário sobre redes subterrâneas no mês de junho, em São Paulo.

“É um trabalho transformador”, conclui o engenheiro, que não esconde o carinho “pessoal” pela revitalização da 14 de Julho, rua em que nasceu no ano de 1947.

Só na expectativa – Com as intervenções, espera-se que haja mais segurança, com aumento da iluminação pública, vantagem estética, facilidade na manutenção e menos quedas de energia, com maior proteção ao sistema elétrico.

O aposentado Aderades durante passeio na 14 de Julho, nesta tarde. Sonho antigo. (Foto: Paulo Francis)Por isso, as transformações são ansiosamente aguardadas por comerciantes e consumidores. Gerente de um estabelecimento de joias e semijoias, Eva Pereira de Souza, 41, acredita que o novo projeto elétrico vai deixar o centro mais bonito e seguro.

“Vai acabar com essa bagunça de fio. De vez em quando estoura um transformador e ficamos sem energia. Sei que terá queda nas vendas durante a reforma, mas será por um bem maior”, diz.

“Essa mudança é muito bem-vinda. A gente viaja para outras capitais e vê como a aparência é diferente. Era sonho antigo e muito necessário”, avalia o policial aposentado Aderades Ferreira dos Santos, 57.

O projeto compreende a intervenção urbana em uma extensão de 1,4 mil metros, tendo a redução da faixa de rolamento, ampliação de calçadas e ainda implantação de paisagismo no passeio público. A previsão de término das obras é de dois anos, com investimento estimado em R$ 50 milhões.

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