Você sabe porque compra aquilo que não precisa com o dinheiro que não tem?
11:50 25/08/2018
[Via Campo Grande News]
“Por que compro aquilo que não preciso com o dinheiro que não tenho?”, o questionamento norteou, nesta semana, uma discussão inusitada em um bar de Campo Grande. O assunto entrou no projeto “Dose de Ciência”, iniciativa que propõe debater assuntos científicos de forma descontraída em bares. O evento acontece uma vez por mês e os temas, normalmente, fazem parte do cotidiano de todos.
Dessa vez a conversa foi consumo. Que atire a primeira pedra quem nunca estourou o cartão de crédito em compras que até hoje estão no guarda-roupas ou, simplesmente, levou para casa aquele objeto da promoção que até então você precisava, mas de repente tornou-se necessário.Foi a partir de reflexões como essa que a discussão começou.
“Vamos ajudar a pensar sobre consumo, porque é um tema que envolve todo mundo e suas particularidades. Somos influenciados pelo consumo desde a infância. É na compra de um brinquedo ou na ida ao supermercado”, explica o professor Thiago Müller, publicitário e doutorando em Psicologia.
O professor não ensinou técnicas de como esquecer o cartão em casa ou pensar duas vezes antes comprar o não precisa.
Para mexer de vez com quem assistia a discussão, o publicitário falou de que maneira elas são persuadidas pelas propagandas e as estratégias utilizadas pelas empresas para convencer alguém de que precisa adquirir determinado produto.
“O desejo por algo não é criado, é permitido. Veja só, eu não posso comprar um produto de R$ 800,00. Mas tenho toda liberdade de comprar por 10 vezes R$ 80,00. São mecanismos criados para atrair o consumidor e dar a ele a liberdade de consumir”, exemplifica.
Do ponto de vista filosófico, o doutor em Psicologia e pós-doutor em Estudos Culturais, Josemar Campos Maciel, também foi além na sua provocação. “Quando eu tomo cerveja, eu quem tomo a cerveja ou a cerveja que me consome? Quanto compro um tênis de marca, eu que uso o tênis ou é a marca que está me usando?”, questiona.
Pode até parecer viagem, mas a reflexão vale a pena. “Indagações como essas devem ser feitas para que a gente encontre respostas para nossos padrões de consumo. Veja só, com o mundo do jeito que está, com os oceanos do jeito que estão, é necessário tudo isso de consumo? É preciso refletir sobre isso”, diz Josemar.
Com mais questionamentos do que respostas, o objetivo foi deixar o público com aquela pulga atrás da orelha.
Esse é o lema desde que o projeto nasceu na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), explica o Gilliano Mazzeto, pró-reitor de Desenvolvimento Institucional. “Hoje, dentro de um modelo de sociedade, todo mundo quer respostas prontas. O problema é que levando esse tipo de discussão para dentro de um bar, num bate papo de duas a três horas, ninguém vai salvar o mundo. Então, o caminho que encontramos é levar provocações e perguntas para que as pessoas saiam do bar com curiosidade de encontrar respostas”.
O projeto surgiu numa discussão sobre o olhar que a sociedade tem sobre a ciência. “Muitos acreditam que o pensamento científico, a pesquisa e essa interação com a ciência é algo distante da vida das pessoas. Mas, normalmente, as pesquisas giram em torno de algo que reflete diretamente na nossa vida. Então, falar de ciência é algo que pode ser natural e levar isso para os bares, pode transformar a vida das pessoas. Tem gente que aprende no Youtube e isso não está errado, porque não aprender no bar?”, questiona.
O próximo encontro ainda não tem data definida, mas o tema já foi escolhido: O lado oculto da vacinação. “Ainda estamos tentando fechar com o próximo estabelecimento que vai nos acolher. Mas o assunto é pertinente, tem surgido muitas dúvidas em relação a isso e conversar com profissionais da saúde vai ser um bate papo interessante”.
Para ficar por dentro da programação, acompanhe as novidades pelo site da universidade.
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