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Grupo chinês promete retomada de projeto bilionário, mas já se desfez de parte do terreno

Circuito MS

15:41 03/12/2021

Prefeitura de Maracaju aponta que só agirá para pedir de volta os incentivos fiscais em 2022, caso retorno não se confirme.

O empreendimento bilionário que se arrasta desde 2015 em Maracaju promete ser retomado em 2022. A indústria de processamento de milho já foi desacreditada pela gestão pública e pela população da cidade.

O BBCA Group anunciou na época investimento de US$ 1,21 bilhão (convertido em mais de R$ 6 bilhões hoje) e geração de 1 mil empregos diretos e indiretos.

De acordo com a prefeitura do município há uma nova promessa de retomada do empreendimento para o próximo ano. “Temos a posição da empresa de retomada no início de 2022, caso não se concretize nossa posição é cumprir a lei. Está tudo na lei de incentivo do município e a retomada do terreno é uma das formas”, disse ao Correio do Estado o secretário de Governo de Maracaju, Frederico Fellini.

No entanto, conforme informado pelos moradores do entorno, o BBCA Group, grupo de investidores chineses, se desfez de parte do terreno que abrigaria a megaindústria.

O grupo adquiriu uma área de 272 hectares, para construção do que seria um complexo do segmento do agronegócio.

Dos 272 hectares, 170 foram comprados pela empresa BBCA e 102 hectares, doados pela prefeitura do município à empresa chinesa, na época das negociações.

Conforme já noticiado pelo Correio do Estado em agosto, dos 170 hectares, 50 teriam sido vendidos pelos chineses a outros moradores de Maracaju.

Ainda segundo fontes locais, a administração municipal teria investido em torno de R$ 7 milhões para viabilizar o megaprojeto chinês em Maracaju.

Isso, contando com a doação dos 102 hectares (avaliado em R$ 3,07 milhões na época) e com a construção de uma estrada de acesso aos armazéns da BBCA.

Projeto

Foram construídos dois armazéns graneleiros, barracões e um secador utilizado na secagem de grãos como soja e milho após a colheita. A estrutura que deveria abrigar a megaindústria foi alugada desde o ano passado.

Trabalhadores do município confirmam que desde 2020 os armazéns e barracão da bilionária chinesa foram locados pela Lar Cooperativa Agroindustrial.  Informação que também foi confirmada pela gestão estadual.

Questionada sobre o período de vigência do contrato, a cooperativa ressaltou que não se pronunciaria.

As tratativas do grupo chinês com as gestões estadual e municipal começaram ainda em 2013.

Em 2015 o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) formalizou a parceria do Estado com os investidores do BBCA Group, e o Banco de Desenvolvimento da China (China Development Bank – CDB), este último sendo o financiador da indústria esmagadora de grãos.

O governo do Estado, que era entusiasta do empreendimento, já desistiu de cobrar os empresários.

“Na minha avaliação eles devem ter errado muito na estratégia deles e eu não acredito que eles venham a ter o empreendimento que tinham sinalizado lá atrás. Eu não acredito que no curto prazo retomem aquela obra da BBCA. Se retomarem, que é o que eles estão sinalizando, vão retomar com um processo menor que eles planejavam”, disse o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck.

A fábrica de Maracaju seria uma unidade industrial química a partir do processamento do milho e da cogeração de energia. Segundo informado em 2019 a primeira unidade consumiria US$ 100 milhões em investimentos.

O restante dos investimentos – superiores a US$ 1 bilhão – seriam aplicados na fabricação de produtos químicos voltados à indústria alimentícia e de embalagens.

A estimativa seria processar 1,2 milhão de toneladas de milho.

Via Correio do Estado

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