Geral

Diesel recua R$ 0,98, mas defasagem com mercado internacional pressiona aumento

Circuito MS

10:49 18/10/2022

Redução da oferta na produção mundial de petróleo deve fazer combustíveis subirem nos próximos meses

O preço do óleo diesel recuou 13% em Mato Grosso do Sul. Na comparação com o mês de julho, o litro do combustível S10 recuou R$ 0,98, saindo de R$ 7,49 para os R$ 6,51 atuais.
Apesar do arrefecimento, o corte na produção mundial deve trazer novos aumentos tanto para o diesel quanto para a gasolina.
Para alinhar o preço praticado nas refinarias brasileiras com o mercado internacional, o aumento do valor da gasolina deveria ser de R$ 0,47 por litro, com defasagem de 12%, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
No caso do diesel, a defasagem do combustível chega a 16%. Isso quer dizer que, se o mercado interno acompanhasse os preços internacionais, o diesel teria de ser precificado R$ 0,97 acima do preço médio atual.
O doutor em Economia Michel Constantino explica que a defasagem se intensifica principalmente pelo crescimento da procura pelo combustível fóssil. “A demanda por diesel mundialmente está crescendo com o uso de usinas termelétricas pela Europa”, avalia.
O preço médio atual da gasolina em MS é de R$ 4,66, conforme a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A queda da gasolina até o momento é de 33,33%, saindo de um preço médio de R$ 6,99 para o preço atual.
Em comparação com o mês de julho, no qual o preço atingiu o maior patamar deste ano, o litro do óleo diesel comum recuou R$ 0,96, saindo de R$ 7,30 para o patamar atual, uma retração de 13,15%. No caso do óleo diesel S10, a queda notada é de 13,08%, ou R$ 0,98 por litro, caindo de R$ 7,49 para R$ 6,51 no mesmo período.

CENÁRIO

Já preço do barril de petróleo tipo Brent já subiu 5,09% neste mês no mercado internacional. O movimento veio na esteira do anúncio dos países que compõem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de reduzir a produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia.
Esse é o maior corte anunciado desde as sanções econômicas que paralisaram a economia mundial com a eclosão do novo coronavírus, em 2020.
Entretanto, desde julho, o preço do barril recua 19,98%, de acordo com as cotações históricas do site Investing.com. No dia primeiro daquele mês, o barril tipo Brent era comercializado a US$ 111,63, contra US$ 92,44 desta segunda-feira (17).
Diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Fernando Borges disse em evento on-line da agência especializada Epbr que a estatal tem sido mais rápida ao repassar os preços. “A gente [Petrobras] passa mais amiúde a redução e demora um pouco mais para passar a subida, [com isso] nós estamos beneficiando a sociedade brasileira”, disse.
Após o evento, em comunicado ao mercado, a Petrobras afirmou que tem “compromisso com preços competitivos e em equilíbrio com o mercado” e que evita o repasse imediato das volatilidades externas e do câmbio aos preços. O executivo da Petrobras discorda dos dados da Abicom.

ALTA

O diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, diz que o mercado internacional anda muito agitado atualmente. “Em virtude das notícias da redução da oferta dos países da Opep+, por causa da recessão nos países de primeiro mundo e das novas investidas da Rússia na Ucrânia”, explica.
A defasagem, apesar de não incorporada aos preços praticados nas refinarias da estatal brasileira, está sendo praticada pelas importadoras. “Realmente existe uma defasagem no preço, por conta da falta do produto e do custo de importação, bem como da volatilidade do câmbio. A Petrobras se mantém até o momento sem nenhuma alteração, mas as distribuidoras, que importam os combustíveis, estão repassando os preços atualizados aos postos”, diz.
O economista Fábio Nogueira comenta que as oscilações internacionais poderão provocar aumento nos preços dos produtos. “No caso do aumento do preço internacional de referência do petróleo, haverá um impacto nos preços dos combustíveis no Brasil, só não saberemos qual o efeito imediato”, declara.
Conforme o economista Márcio Coutinho, a estimativa é de que os preços subam nos próximos meses. “Na minha opinião, se a política da Petrobras é acompanhar o mercado internacional, com certeza vem aumento de preço por aí”, sentencia.
“Claro, que tudo depende de como a Petrobras vai lidar com essa situação. Como os países produtores de petróleo já reduziram a oferta de petróleo, isso faz com que tenha menos matéria-prima no mercado e menos oferta, mas, como a demanda continua aquecida, o preço vai subir”, explica.
A preocupação, segundo ele, é saber por quanto tempo a Petrobras conseguirá segurar esse preço sem repassá-lo para o consumidor. “Todo esse cenário indica que vem aumento”, finaliza.
Via Correio do Estado MS

Comente esta notícia